No dia 25/11, às 22h, o GECA reuniu-se no Coletivo Difusão para planejar as próximas atividades do ensaio audiovisual do Igarapé Mestre Chico.
A primeira atividade ficou marcada para o dia 30/11 (segunda-feira), 18h, na sede do Coletivo Difusão, com a exibição de documentários relacionados às causas ambientais:
Surplus – Aterrorizados para Consumir (“Surplus – Terrorized Into Being Consumers”), 2003, Suécia, dirigido por Erik Gandini, 52min:
Iniciando com violentas cenas dos protestos do 27º encontro do G8 em Gênova, o documentário sueco de 2003, dirigido pelo italiano Erik Gandini, escancara sem piedade as mazelas da globalização e da sociedade de consumo. Filmado na China, EUA, Cuba, Itália, Hungria, Índia, Canada e Suécia, e editado pelo compositor Johan Söderberg, esta odisséia visual sobre a natureza destrutiva da cultura de consumo ganhou um dos mais prestigiosos prêmos da categoria: o Lobo de Prata do Festival Internacional de Documentários de 2003 (IDFA), em Amsterdã, além do prêmio Cora Coralina de melhor obra no FICA – Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, no Brasil.
O filme levou três anos para ser concluído e foi produzido inicialmente para a televisão pública sueca (dado interessantíssimo, diga-se de passagem). O documentário utiliza a técnica de sincronização labial para formar interessante intercâmbio entre imagem e som, trocando discursos de Fidel Castro, George W. Bush, Silvio Berlusconi e Steve Ballmer (CEO da Microsoft), entre outros. Editado em estilo mixagem, quase como um trabalho de DJ e VJ em uma única peça, o filme gera um estado de hipnose neurótica semelhante ao que se encontram os consumidores aterrorizados, sempre em busca da felicidade instantânea. É a lógica do “feitiço contra o feiticeiro”, ou a subversão da linguagem do videoclipe e dos comerciais de TV, com loops, edição veloz, música intensa e táticas de manipulação.
Logo de início o espectador é jogado a toda dentro da brutalidade e hipocrisia que convivem com as sociedades capitalistas modernas; da necessidade em ser um “bom consumidor” de um lado, à demanda por ser um “bom produtor”do outro. De fato, se há algo nesta jornada de 50 minutos que merece atenção especial, é o foco desta relação. Do socialismo Cubano de Fidel ao capitalismo americano, passando pela Índia, onde trabalhadores pobres chegam ao ponto de raspar cascos de navios enferrujados para reciclar metal, o filme denuncia que todos na sociedade moderna somos aterrorizados para nos tornarmos consumistas. O título é um trocadilho inteligente: “surplus” pode ser traduzido tanto como “superávit” como “excesso”, delineando a relação promíscua entre os dois significados.
Duas Vezes Não Se faz, 2008, Brasil, dirigido por Marcus Villar, 12min:
O curta-metragem de 12 minutos, em transfer 35mm, é um poema sobre a Ponta do Cabo Branco, extremo oriental das Américas, mostrando sua lenta degradação pelas correntes marítimas e os fluxos das marés, acentuada nas últimas décadas pela intervenção humana nas encostas. É um grito de alerta para a preservação de um dos mais importantes monumentos naturais do Brasil.
Com direção e roteiro de Marcus Vilar e produção de Durval Leal Filho, o filme foi realizado através da Lei de Incentivo à Cultura da Prefeitura de João Pessoa, (Fundo Municipal de Cultura), com Produção do Para’iwa e Ponto de Cultura, e apoio da UFPB/PRAC/COEX.
Ele explica que a primeira imagem que veio à cabeça para preparar um roteiro com um tema sobre a cidade de João Pessoa foi a Ponta do Cabo Branco. “Quando sai pra mergulhar na pesquisa daquele mais importante parque ecológico do mundo, me deparei com uma Ponta quebrada, com uma Ponta esquecida e tendo, no sal, na força do mar, sua corrosão e erosão, além do descuido humano. Convidei os professores Paulo Rosa, Tarcisio Cordeiro, Ligia Tavares e o critico de cinema Wills Leal para me darem as coordenadas e orientações técnicas”.
Vilar conta que começou a ler poemas sobre o Cabo Branco e viu que os poetas contavam o universo do lugar em prosa e verso. “Encontrei uma crônica de 1957, de José Américo de Almeida dizendo: “Observei a plástica do cabo, um monstro de cabeça verde e língua amarela estirada dentro da água. Lambido pelos vagalhões e por lufadas corrosivas, vai perdendo o seu porte, sem nenhuma proteção. De branco só tem o nome”. Estes e outros textos me levaram a pensar num roteiro onde a poesia seria a linha mestra”.
A partir daquele momento, o cineasta começou a construir um roteiro com textos – além de José Américo –, de Luiz Augusto Crispim, Hermano José, Ascendino Leite e Vanildo Brito. “Com a poesia eu podia me posicionar sobre o descaso e o sobre qualquer possibilidade de se construir na barreira do Cabo Branco. Como cidadão, me vi na obrigação de fazer um filme, e um filme com uma abordagem poética, evitando o panfleto”.
O roteiro não foi aprovado no edital de 2005, mas no ano seguinte entrou na relação do Fundo de Cultura da Prefeitura.

A história das coisas (“The Story of Stuff”), 2007, EUA, produzido por Annie Leonard, dublado, 20min:
Animação premiada e inteiramente baseada na internet, o curta da ambientalista Annie Leonard usa os traços simples do desenho à mão com recursos sofisticados de animação para rever o ciclo de vida de bens e serviços, ilustrando de onde vêm e para onde vão os produtos do nosso consumo exagerado, e qual a relação disso com a globalização e a degradação do ambiente em todo o planeta.
A idéia de um ciclo linear de extração, produção, distribuição, consumo e descarte entra em xeque ao compreendermos que vivemos em um planeta de recursos finitos, que demanda um sistema cíclico de produção e reciclagem para que não seja devastado.
O cidadão comum consome hoje duas vezes mais do que 50 anos atrás. Após a II Guerra Mundial, o governo e as corporações americanas tentavam articular formas de reaquecer a economia, e a solução partiu do economista Victor Lebow, que sugeriu que “nossa enorme economia produtiva exige que façamos do consumo o nosso modo de vida, que devemos converter a compra e o uso de bens em rituais, que busquemos nossa satisfação espiritual e a satisfação do nosso ego no consumo. Nós precisamos das coisas consumidas, gastas, susbstituídas e descartadas de modo cada vez mais acelerado”. Desde então esta proposição tornou-se regra. Annie lembra que, após os ataques do 11 de Setembro, em pronunciamento à população, o então presidente Bush não pediu que as pessoas tivessem esperança, rezassem ou sentissem pesar, mas que fossem às compras.
Com mais de 4 milhões de visitantes, o filme apresenta uma visão crítica da sociedade de consumo e de produtos criados para serem descartados rapidamente, gerando uma quantidade grosseira e desnecessária de lixo. Leve e graciosa, a animação expõe as conexões entre inúmeras questões sociais e ambientais, e chama nossa atenção por um mundo mais sustentável.
(Fonte: http://www.plantandoconsciencia.org).
COLETIVO DIFUSÃO
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